O Conselho Universitário da Universidade Estadual de Londrina (UEL) aprovou uma moção de repúdio contra o governador Beto Richa (PSDB), o ex-secretário estadual de Segurança Pública, Fernando Francischini, e os deputados estaduais que votaram a favor do projeto do ParanaPrevidência, pelos "atos de violência física, psicológica e moral praticados" contra os servidores públicos estaduais que protestavam no entorno da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) no último dia 29. A moção foi aprovada pelo conselho em reunião extraordinária realizada na última sexta-feira (8), mas divulgada apenas nesta quarta (13), em carta aberta à comunidade londrinense, após a UEL recebê-la.
Segundo o conselho, os servidores foram repreendidos e feridos pela Polícia Militar (PM) enquanto "protestavam pacificamente e de forma legitima na defesa de seus direitos".
O órgão pede, ainda, que as pessoas citadas na moção "sejam responsabilizadas pelo ocorrido como forma de assegurar que fatos dessa natureza nunca se repitam".
Confira a carta na íntegra:
O Conselho Universitário da UEL, reunido extraordinariamente no dia 8 de maio de 2015, repudia com veemência os atos de violência física, psicológica e moral praticados por Carlos Alberto Richa, Fernando Desdito Francischini, Ademar Luiz Traiano, Luiz Claudio Romanelli, Alexandre Curi, Alexandre Guimarães, André Bueno, Artagão Jr., Bernardo Ribas Carli, Claudia Pereira, Cobra Repórter, Cristina Silvestri, Elio Rusch, Evandro Jr., Felipe Francischini, Fernando Scanavaca, Francisco Bührer, Guto Silva, Hussein Bakri, Jonas Guimarães, Luiz Carlos Martins, Marcio Nunes, Maria Victoria, Mauro Moraes, Missionário Ricardo Arruda, Nelson Justus, Paulo Litro, Pedro Lupion, Plauto Miró, Schiavinato, Tiago Amaral, Tião Medeiros, Wilmar Reichembach, contra os servidores públicos estaduais e membros da Comunidade Universitária que protestavam pacificamente e de forma legitima na defesa de seus direitos.
O Governo do Estado, rompendo o acordo que suspendeu a greve, reenviou para votação na Assembleia Legislativa projeto de lei que alterou o regime de previdência colocando em risco a aposentadoria dos servidores. Durante os dias em que ocorreram as votações, por medida judicial, os servidores foram impedidos de acompanhá-las. Foi montado um enorme aparato militar que reprimiu violentamente milhares de manifestantes que se encontravam no Centro Cívico, em Curitiba. Cada ato de violência contra estudantes, professores e servidores técnico?administrativos ocorrido durante os dias 27, 28 e 29 de abril, atinge todos nós que utilizamos a força das ideias e não as ideias de força.
As informações e principalmente as imagens veiculadas nos últimos dias demonstram que as ações planejadas para garantir o isolamento dos parlamentares para a votação e a desmesurada violência policial, romperam todos os limites do razoável e afrontam o Estado Democrático de Direito. Esses acontecimentos nos remetem aos tempos sombrios de ditaduras e se contrapõem aos princípios e finalidades da nossa instituição.
O Conselho Universitário exige que as pessoas citadas nesta moção sejam responsabilizadas pelo ocorrido como forma de assegurar que fatos dessa natureza nunca se repitam, reiterando que os valores éticos de liberdade, igualdade e educação para a cidadania, que norteiam nossa Instituição, devem prevalecer.
Fonte: Bonde, 14 de maio de 2015.