Considerada uma epidemia mundial pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o diabetes tem feito cada vez mais vítimas. De acordo com dados do Ministério da Saúde, em 10 anos o número de mortes devido a complicações causadas pela doença registrou alta de 59,2% no Paraná. Os números apontam ainda que o problema, provocado por fatores hereditários, obesidade e falta de exercícios, já é a sétima principal causa de morte entre paranaenses. 

Em 2013, último dado disponível, a média foi de 11 óbitos por dia, recorde da série histórica iniciada em 1996. Até 2008, o estado nunca havia registrado mais de 3 mil mortes em um ano. Desde 2009, porém, o índice vem acumulando alta e hoje está batendo na casa dos 4 mil óbitos por ano. As mulheres são as principais vítimas, respondendo por 55,9% dos casos registrados entre 2004 e 2013. Já a faixa etária com o maior número de mortes é entre os 70 e 79 anos de idade (13.855 óbitos no período).
Para a endocrinologista Juliana Filus Coelho, do Hospital Santa Cruz, os números são alarmantes, mas não chegam a surpreender. Ela ainda aponta que a tendência é que a situação se agrave mais nos próximos anos. “Vemos muitas pessoas se alimentando em fast food e cada vez menos se alimentando saudavelmente em casa, com um prato mais balanceado. Para piorar, a taxa de sedentarismo está cada vez maior. Então (essa alta no número de mortes) já era esperada, e vai piorar ainda mais”, alerta.
Atualmente, o Brasil ocupa o quarto lugar no número de diabéticos, atrás apenas da China, Índia e Estados Unidos, respectivamente. São 13,4 milhões de pessoas com a doença no país, das quais 740 mil estão no Paraná. De acordo com a Federação Internacional de Diabetes (IDF, na sigla em inglês), a tendência é que esse número aumente ainda mais nas próximas décadas. Hoje, existem em todo o planeta 380 milhões de diabéticos. A estimativa é que em duas décadas esse número salte para quase 600 milhões.

 

Rotina de insulina 2 vezes ao dia
Quando tinha 30 anos e estava grávida de seu primeiro filho, Luiz Mauricio, Oslini Freitas descobriu que tinha um problema. “Eu descobri na gestação, após fazer exames de rotina, que o nível de glicose estava anormal. Na época, achei que seria uma alteração por causa da gravidez”, conta.

De fato, após o nascimento do filho, o nível de glicose voltou ao normal. É que a mulher ainda não tinha diabetes, uma doença crônica e sem cura, mas o pré-diabetes, que é um estágio anterior da doença em que ainda há como reverter o quadro. ”[Isso] ocorre quando os níveis de açúcar no sangue já estão acima do considerado normal, mas a reversão do quadro ainda é possível, por meio de mudanças no estilo de vida, o que inclui adotar uma alimentação mais saudável, deixar de fumar e praticar exercícios físicos de forma regular”, explicou em entrevista à Agência Brasil a gerente científica do Negócio Nutricional da Abbott, Patrícia Ruffo.
O alerta e a sorte de descobrir o problema precocemente, porém, não foi o suficiente para evitar o pior. É que há cerca de 12 anos, a doença voltou a se manifestar, e desta vez de forma mais grave. Desde então, a vida de Oslini se transformou por completo.
“Depois que descobri a doença, mudou tudo para mim. Não é fácil. Primeiro tentei medicamentos, mas meu organismo não se adequou e o remédio não reagiu como deveria. Tive então de começar a tomar insulina”, relata.
Hoje, Oslini toma insulina duas vezes por dia, além da medicação via oral (comprimidos hipoglicemiantes), também de manhã e de noite. Ela também teve de cortar alimentos como doces e massas. E não esconde: mesmo uma década depois de ter descoberto a doença, ainda não conseguiu se adaptar.
“Tenho de admitir que ainda estou me adaptando, porque não sou uma pessoa que está com a diabetes controlada. Como ainda não consegui controlar a alimentação, minha diabetes está alta. O ideal também é começar a praticar atividades físicas, que ajudam na ação da insulin”, comenta.

A doença

Sintomas
Urinar muitas vezes e em grande quantidade
Perda de peso repentina
Cansaço
Fome exagerada
Piora da visão
Cicatrização difícil
Infecções de pele
Impotência sexual
Pressão arterial elevada

Fatores de risco
Idade
Histórico de diabetes na família
Estar acima do peso ideal
Sedentarismo
HDL, o “bom” colesterol, abaixo de 35 mg/dL 
ou triglicérides acima de 250 mg/dL
F Histórico de doença cardioavascular 

Prevenção
Em síntese, procurar ter hábitos saudáveis, com a prática de exercícios físicos e alimentação saudável. Alimentos como farinha e batata devem ser controlados, uma vez que são carboidratos de absorção rápida. Manutenção do peso adequado e a realização de exames de sangue para verificar as taxas de glicose também são importantes

Tratamento
O tratamento da doença é baseado, principalmente, em uma mudança de estilo de vida. É preciso perder peso, fazer exercícios e comer adequadamente. Além disso, também é vital o uso correto e contínuo dos medicamentos, quando necessário, uma vez que não existe cura para a doença, que pode ser controlada

 

O que é?

Glicose
Ao serem digeridos no intestino, parte dos alimentos se transforma em açúcar (glicose), que é enviada para o sangue para se transformar em energia. Para que esse processo aconteça contudo, o organismo precisa de insulina, que é uma substância produzida nas células do pâncreas. Os diabéticos, portanto, não conseguem aproveitar a glicose de forma adequada devido à falta ou insuficiêncioa de insulina, o que causa excesso de glicose no organismo, a hiperglicemia. A pessoa é considerada pré-diabética quando os valores da sua glicemia, em jejum, variam entre 100 mg/dl (miligramas por decilitro) e 125 mg/dl e é considerado diabético se alcançar os 126 mg/dl. No Brasil, o diabetes tipo 2 é o mais comum, responsável por aproximadamente 90% dos casos da doença. Nela encontra-se a presença de insulina, mas em quantidade insuficiente ou ela não é processada pelo organismo de forma adequada. Já no tipo 1.

Fonte: Bem Paraná, 23 de julho de 2015.