O adiantamento da primeira parcela do 13º salário para aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) injetará R$ 899,050 milhões no Paraná, para 1,658 milhão de segurados. O valor, relativo a até 50% do benefício, começa a ser depositado no próximo dia 24 para quem recebe até um salário mínimo e termina no próximo dia 7 de outubro, para os que ganham acima do piso nacional. A segunda parte será paga entre 24 de novembro e 7 de dezembro. 

O pagamento da parcela representará um alívio para os aposentados em um ano de crise econômica, mas foi alvo de reclamações por parte dos segurados devido à ameaça de divisão em até três partes ou da possibilidade de não fazer a antecipação neste ano, como ocorria desde 2006, sempre em agosto. Devido a discordâncias dentro da equipe econômica do governo federal sobre a necessidade do adiamento para contribuir para o ajuste de contas públicas, o benefício acabou por ficar para setembro. 

No País, somente a primeira parcela para os 28,254 milhões de segurados representa mais R$ 15,972 bilhões no mercado. Nos três estados da região Sul, são 5,284 milhões de beneficiários e R$ 2,960 bilhões pagos até 7 de outubro. 

O presidente da regional do Paraná do Sindicato Nacional dos Aposentados, Antonio Dias Lobato, diz que os beneficiários se sentiram traídos porque, apesar de não existir lei que exija a antecipação, os pagamentos por nove anos consecutivos virou rotina. "Se iriam adiar, deveriam ter avisado em janeiro, para que todos fossem se preparando, porque muitos contavam com o dinheiro em agosto", afirma. "Se querem cortar gastos, não tem de ser em cima do aposentado. E estão deixando de injetar dinheiro na economia", completa. 

Para o delegado da regional de Londrina do Conselho Regional de Economia (Corecon) no Paraná, Laercio Rodrigues de Oliveira, o volume de dinheiro alivia o cenário de desaquecimento no período. "Apesar de não ser muito individualmente, é uma soma bastante significativa que gira no comércio nesse período meio árido", diz. "Do ponto de vista orçamentário, o aumento do consumo gera alta na arrecadação de impostos, então não vejo prejuízo (para o ajuste fiscal do governo)", explica. 

O economista lembra que o efeito psicológico também precisa ser levado em consideração. "O pagamento é algo bem-vindo porque cria um clima melhor da população com o governo, de maior confiança", conta Oliveira. 

Dicas
Como 62% das famílias estão endividadas, segundo dados deste mês da Proteste Associação de Consumidores, o presidente do sindicato dos aposentados sugere que a primeira coisa que o segurado faça seja pagar débitos, principalmente os que têm juros mais altos, como cartões de crédito ou cheque especial. "Digo sempre que o aposentado deve fazer empréstimos somente em último caso, por necessidade ou para comprar algum remédio, e não para comprar um bem. Sabendo como a economia está hoje, também é bom tentar poupar um pouco para o futuro." 

Outra orientação é para que não se faça o adiantamento do 13º em bancos. "Isso é pedir para ficar com a corda no pescoço, porque o desconto é grande e não vale a pena. Não pode cair nas propagandas", considera Lobato. 

Ainda, o delegado do Corecon explica que a inflação mensal hoje está em patamares superiores ao rendimento da poupança. Por isso, sugere que, se for possível antecipar as compras do fim do ano, há possibilidade de conseguir bons descontos. "É o momento certo porque dá para negociar o preço, que vai subir no fim de ano", conta Oliveira. 

Fonte: Folha de Londrina, 09 de setembro de 2015.