Às vésperas de completar 60 anos, o supervisor de segurança Aloísio de Lima Guimarães, de 58 anos, acorda todos os dias às 5h. Ele trabalha das 7h às 19h, em turnos de 12 horas, de segunda a sexta-feira. Aloísio, que adotou a rotina de despertar antes do amanhecer aos 14 anos, quando começou a trabalhar, recebeu com indignação a declaração do deputado estadual Iranildo Campos (PSD), de 62 anos, de que não poderia acordar neste horário por ser um senhor de 60 anos. O político pediu à Mesa da Alerj, ao microfone, que a sessão de quinta-feira começasse às 10h, e não às 8h, porque não conseguiria acordar às 5h para estar na Casa às 8h.
— Se ele não pode acordar às 5h, não deve ser deputado e representar o povo. Tem que trabalhar em qualquer horário. Se eu recebesse o salário dele, não reclamaria. E ainda querem impor uma idade mínima para a aposentadoria aos 65 anos — queixou-se Aloísio, que hoje tem um rendimento mensal de R$ 3 mil.
O trabalhador afirmou, ainda, que por quase 30 anos trabalhou no Centro da cidade, morando em Campo Grande, na Zona Oeste. Neste período, precisava acordar às 4h. Para ele, é difícil se aposentar e viver somente com os proventos da aposentadoria.
A Câmara dos Deputados instalou, ontem, uma comissão especial para tratar da reforma da Previdência, proposta pelo governo federal. O texto sugere a instituição de uma idade mínima de 65 anos para pedir a aposentadoria, para homens e mulheres, sem distinção, entre outras mudanças na concessão de benefícios.
Fonte: Extra, 10 de fevereiro de 2017.