Empresas lideradas por mulheres têm, em média, rendimentos 21% acima da média em seu país. A pesquisa “Delivering Through Diversity” levou em consideração dados referentes a 1007 companhias em 12 países, usando diversas métricas de diversidade como gênero, etnia e cultura.

Apesar disso, a desigualdade de renda continua a crescer em todo o mundo. Nesse cenário, as mulheres são as mais prejudicadas, avalia o estudo publicado pela Oxfam.

Segundo o documento, será preciso 217 anos para que mulheres em todo o mundo tenham as mesmas oportunidades de trabalho e salários do que os homens. A estimativa da ONG tem como base um relatório do Fórum Econômico Mundial.

De onde vem isso? Não vou nem falar dos últimos cinco mil anos em que a mulher foi muito desvalorizada e considerada inferior. Diziam que ela era incapaz, incompetente e que não podia aprender nada por que tinha o cérebro úmido. Vou focar uma época bem próxima e que muito nos influencia: o século 19.

A modéstia, a virtude, a doçura, eram algumas das qualidades que a mulher deveria possuir. Ela também deveria ou 20 dias de 28 (podemos dizer quase sempre), a mulher é não somente uma inválida, como alguém ferido.” (Michelet, filósofo francês) — “A feminilidade é uma espécie de infância prolongada” (Comte, filósofo francês) — “As mulheres são incapazes de raciocinar ou de absorver conhecimento útil dos livros.” (Balzac, escritor francês) — “As mulheres são capazes de educação nas artes inferiores, mas de jeito nenhum nas ciências avançadas, na filosofia ou mesmo em algumas formas de arte.” (Hegel, filósofo alemão) — “O direito de voto nunca deve ser concedido à mulher, visto que os seios ternos das damas não são formados para a convulsão política.” (Thomas Jefferson terceiro presidente dos Estados Unidos, e o principal autor da declaração de independência dos Estados Unidos da América)

Você pode pensar: “Ah! Isso foi há mais de cem anos. Hoje, é completamente diferente!” Engano seu. É claro que as mentalidades estão num processo de profunda mudança, mas esse processo ainda não foi concluído. Um bom exemplo foi o discurso de Lawrence Summers, presidente da Universidade de Harvard, EUA, em janeiro de 2005, sobre a sub- representação das mulheres nos departamentos de ciência e engenharia.

Ele expressou de maneira enfática a ideia de que essa desigualdade persistente se baseia em diferenças inatas. A reação foi imediata e violenta. Ele foi obrigado a pedir desculpas. Foi um sinal claro de que a possível inaptidão das mulheres para o conhecimento científico é a nova arma da reação masculina contra o feminismo. Mas, felizmente, o movimento das Mulheres nunca esteve tão eloquente como agora, superando um silencio de cinco mil anos.

Fonte: UOL, 02 de março de 2018.