Os brasileiros estão se preparando para torcer pela seleção brasileira a partir de amanhã na Copa do Mundo. Mas em meio ao churrasco com os amigos, ao aperitivo no bar e aos fogos de comemoração, há um valor muito alto sendo pago pelos consumidores. Levantamento do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT) mostra que a carga tributária incidente sobre os produtos mais consumidos na Copa varia de 15% a 81%, encarecendo principalmente fogos de artifício e bebidas alcoólicas.
O presidente executivo do IBPT, João Elói Olenike, explica que a incidência de tributos sobre cada produto varia conforme sua essencialidade. "Impostos como ICMS e IPI incidem mais sobre produtos supérfluos ou maléficos à saúde, como bebidas alcoólicas, para inibir o consumo", diz.
Na opinião de Olenike, mais de 70% dos brasileiros desconhecem os tributos federais, estaduais e municipais que pesam sobre o consumo. No valor final dos "produtos da Copa" incidem ao menos nove, como Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), Imposto Sobre Serviços (ISS), Programa de Integração Social (PIS), Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins), Contribuição Social e Imposto de Renda, além das contribuições previdenciárias como Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e Fundo de Garantia (FGTS).
Paulo Piccoli, proprietário da Piccoli Fogos de Artifício, em Londrina, dobrou o estoque de produtos para a Copa e lamenta a pesada carga tributária. "Se você compra por preço menor, pode vender por menos para o cliente, que é quem acaba pagando na ponta da cadeia", pondera. A loja trabalha com 200 tipos de fogos e ainda não sentiu o impacto do Mundial nas vendas. "O custo de vida está muito alto, mas se o Brasil começar ganhando, o pessoal se empolga", acredita.
Cláudia de Ávila, gerente da distribuidora Pronto Socorro da Cerveja, acredita que o valor de venda para o cliente poderia ser bem mais competitivo, não fossem os impostos. "Os clientes reclamam bastante, querem que façamos o preço dos supermercados, mas eles fazem promoções para chamar clientes e ganhar na venda de outros produtos", justifica.
Segundo Cláudia, a distribuidora ampliou os estoques com moderação para a Copa. "Ainda não sabemos como vai ser", diz.
Marcela Cremonezi, proprietária da choperia Fábrica 1, diz que a carga tributária massacra o empresário. "Sobre um faturamento de R$ 100 mil por mês, recolhemos de 11% a 12% de impostos, mais 25% de folha de pagamento, além de manutenção, insumos", detalha. Segundo ela, o preço dos produtos está muito elevado, por isso, chegam ainda mais caros ao consumidor. "Uma lata de refrigerante, que custa cerca de R$ 1,60, vai ter acréscimo de 100% e ser comercializada ao consumidor por R$ 4", exemplifica. Marcela diz que a choperia usa estratégias para beneficiar os clientes, como promoções em horários específicos. "Reduzimos nossa margem de lucro para atrair os clientes em um horário de baixa frequência".
Fonte: Folha de Londrina, 11 de junho de 2014.